Felicia Miller

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cast - K.J. Apa
Creator - Jon Gunn, Jon Erwin
genres - Music
Countries - USA

Me recuso a ser mais um entre milhares de pregadores do apocalipse. Me recuso a desaconselhar um estudante que pretende se tornar jornalista. Me recuso a resumir a profissão ao sucateamento das redações, aos cortes de gastos, às longas jornadas de trabalho ou ao achatamento dos salários. Vivemos tempos difíceis, sim. Veículos tradicionais de imprensa se contentam meramente em abastecer a opinião do público e preferem o entretenimento ao jornalismo. Jornais e revistas estão à míngua. E a internet se rende cada vez mais à comodidade da notícia caça-clique. Fazer bom jornalismo demanda tempo e dinheiro. ¡ÈSpotlight ? Segredos Revelados¡É, filme indicado ao Oscar deste ano, diz muito sobre isso. Ele conta a história de uma equipe de reportagem do jornal americano Boston Globe, que revelou o escândalo de abuso sexual de crianças envolvendo centenas de padres da Igreja Católica em 2002. A equipe era especializada em investigações profundas. A apuração de algumas matérias, como a que acabou virando filme, poderia se estender por mais de um ano. Durante a produção da reportagem que rendeu um Pulitzer ao jornal de Boston, repórteres e editores foram pressionados de todas as formas pela Igreja, que por décadas acobertou os abusos dos padres e tentava abafar a repercussão dos casos. Me emocionei assistindo ao filme no cinema esta semana. A angústia dos repórteres em contato com vítimas e familiares, as noites sem dormir pensando na apuração, a euforia por descobrir uma nova pista e o soco no estômago ao ter acesso a detalhes de abusos tão cruéis contra crianças. Eu estava novamente diante de sensações que vivi ao apurar a reportagem que mudou drasticamente minha visão sobre o papel do jornalista. Foram longos meses de rua, preparação, fins de semana, inquéritos, telefonemas, entrevistas e checagem até a publicação de um dossiê de oito páginas na revista Placar. Em vez da Igreja, meu foco eram treinadores, olheiros e falsos empresários de futebol que abusavam sexualmente de garotos movidos pelo sonho de virar jogador. Eu também morria um pouco por dentro ao olhar nos olhos das vítimas e de seus abusadores. Também passei noites em claro tentando imaginar a dor das famílias. Também me indignava ao ver tanta inocência violada em nome da bola. Uma investigação jornalística é o ápice para um repórter, mas, por outro lado, deixa marcas e traumas. Como seres humanos, nos sensibilizamos e sofremos com o drama de quem devemos reportar. Como profissionais, engolimos o choro para contar a história da maneira mais fiel possível aos fatos. Depois da publicação, recebi outras várias denúncias de abusos relacionados ao futebol. Sigo apurando e contabilizando casos ? que não param de surgir ? pelo país. A reportagem motivou investigações especiais nas CPI¡Çs da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e do Tráfico de Pessoas. Deputados e senadores, mais preocupados com holofotes do que empenhados em buscar soluções efetivas para o problema, chegaram a convidar o então presidente da CBF, José Maria Marin (hoje preso nos Estados Unidos por envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa), para prestar esclarecimentos em uma das audiências. Marin jamais compareceu e limitou-se a enviar um subordinado da entidade, tratado com espantosa cordialidade pelos representantes do Congresso Nacional. No fim das contas, nenhuma medida para coibir abusos em clubes de futebol foi adotada. Deputados, senadores, governo e CBF lavaram suas mãos. Mesmo depois da Copa do Mundo, o futebol continua sendo terreno fértil e impune para abusadores de todo quilate. Eu deveria estar desiludido. Porém, pelo contrário. Sinto que, por casos como esse, pela omissão de quem deveria zelar pelos direitos de crianças e adolescentes, o jornalismo é cada vez mais necessário, mesmo em tempos difíceis. Já não estou mais na Placar, que, lamentavelmente, tomou rumo oposto ao de sua tradição combativa, séria e investigativa. Para a tristeza de quem militou por tantos anos na luta por reportagens de fôlego em suas páginas, a revista hoje faz jornalismo chapa-branca, num momento de devassa nos bastidores putrefatos do futebol. ¡ÈSpotlight¡É é uma inspiração para quem, assim como eu, segue acreditando na função social do jornalismo e o enxergando como um ofício imprescindível para o mundo em que vivemos, do futebol à Igreja. Me serviu de motivação para continuar investigando, apurando e escrevendo. Um livro, talvez? Quem sabe¡Ä Mas eu me recuso a dizer que o jornalismo acabou. Prefiro acreditar que estamos apenas recomeçando.

Lalai? lala r? Lalai? lalai? Lalai? lalai? l? Lalai? lalai? (2x) Mas ? claro que o seu dia vai chegar Deixa a janela aberta, toca aquela can??o Mas ? certo que o seu dia vai chegar O amor chegar? e voc? vai Tem gente que n?o sabe precisa sofrer Tem gente que j? sofre precisa seguir Tem gente que n?o sabe amar Tem gente que s? sabe ir Mas n?o sabe voltar Tem gente que nem era pra estar aqui agora Tem gente que nem ? sincera Mas tem gente que ? legal ? be?a Que ? legal ? be?a Se voc? quer saber eu ainda acredito Que essa vida sofrida vai ficar bem melhor Tem gente que s? sabe ir n?o sabe voltar Eu ainda acredito que essa vida sofrida Vai ficar bem melhor As Mais Ouvidas 01 Sonho de Valsa 02 J? Que T? Gostoso Deixa 03 O Canto Da Raz?o 04 Olhos 05 Agamamou 06 Pensamento 07 Canto Maior 08 Pode Esperar 09 Minha Alegria 10 Pimpolho Denunciar conte?do inapropriado Aviso Legal - Política de Privacidade.
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Reporter: Trecho de Samba
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